terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Perssonagens

D. JOÃO V
D. João V representa o poder real absolutista que
condena uma nação a servir a suareligi osidade
fanática e a sua vaidade.
Cumpridor dos seus deveres de marido e de rei, D. João
V assume apenas o papel gerativo de um filho e de
um convento, numa dimensão procriadora, da qual a
intimidade e o amor se encontram ausentes.
Amante dos prazeres humanos, a figura real é
construída através do olhar crítico do narrador,
de forma multifacetada:

·        é o devoto fanático que submete um país inteiro ao
cumprimento de uma promessa pessoal (a construção do
convento, de modo a garantir a sucessão) e que assiste aos
autos-de-fé;
·        é o marido que não evidencia qualquer sentimento
amoroso pela rainha, apresentando nesta relação uma
faceta quase animalesca, enfatizado pela utilização de vocábulos que remetem para esta ideia (como a forma verbal" emprenhou" e o adjectivo "cobridor");
·        é omegalómano que desvia as riquezas
nacionais para manter uma corte dominado pelo
luxo, pela corrupção e pelo excesso;

·        é o reivaidoso que se equipara o Deus nas suas
relações com as religiosas; é o curioso que se
interessa pelas invenções do padre Bartolomeu de
Gusmão.
·        é oesteta que convida Domenico Scarlatti a
permanecer em Portugal;
·        é o homem que teme a morte e que antecipa a
sua imortalidade, através da sagração do
convento no dia do seu quadragésimo primeiro
aniversário



D. MARIA ANA JOSEFA
·        A rainha representa a mulher que só através do
sonho se liberta da sua condição aristocrática
para assumir a sua feminilidade.

·        D. Maria Ana é caracterizada como uma mulher
1.   Passiva,
2.   Insatisfeita,
3.   Que vive um casamento baseado na aparência, na sexualidade reprimida e num falso código ético, moral e  religioso.

·        A transgressão onírica é a única expressão da rainha que
sucumbe, posteriormente, ao sentimento de culpa. A pecaminosa
atracção incestuosa que sente por D. Francisco, seu cunhado,
conduzem-na a uma busca constante de redenção através da
oração e da confissão. - COMPLEXO DE CULPA.

·        A rainha vive num ambiente repressivo, cujas proibições regem a
sua existência e para a qual não há fuga possível, a não ser através
do sonho, onde pode explorar a sua sensualidade.

·        Consciente da virilidade e da infidelidade do marido (abundam os
filhos bastardos), D. Maria Ana assume uma atitude de
passividade e de infelicidade perante a vida


BALTASAR SETE-SÓIS

·        Baltasar Mateus é um dos membros docasal
protagonista da narrativa.

·        Representa a crítica do narrador à  desumanidade da guerra, uma vez que  participa na Guerra da Sucessão (1704-1712) e, depois de perder a mão esquerda, é excluído do exército

·        Construído enquanto arquétipo da condição  humana, Baltasar Sete-Sóis é um homem pragmático e simples, que assume o papel de demiurgo na construção da passarola (ao realizar o sonho de Bartolomeu de Gusmão).

·        Participa na construção do conventoe  partilha, através do silêncio, a vida de Blimunda  Sete-Luas. Sucumbe às mãos da Inquisição.

BLIMUNDA SETE-LUAS
·         Blimunda é o segundo membro do casal protagonista da narrativa. Mulher sensual e inteligente, Blimunda vive  sem subterfúgios, sem regras que a condicionem e  escravizem.

·        Dotada de poderes invulgares, como a mãe,escolhe  Baltasar para  partilhar a sua vida, numa existência de  amor pleno, de liberdade, sem compromissos e sem  culpa.

·        Blimunda representa otranscendente e ainqui etação  constante do ser humano em relação à morte, ao  amor, ao pecado e à existência de Deus.


·        seu dom particular (ecovisão) transfigura esta  personagem, aproximando-a da espiritualidade da música de Scarlatti e do sonho de Bartolomeu de Gusmão.

·        Ao visualizar a essência dos que a rodeiam, Blimunda  transgride os códigos existentes e percepciona a  hipocrisia e a mentira.
 




FREI BARTOLOMEU LOURENÇO DE GUSMÃO

·        O padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão  representa as novas ideias que causavam  estranheza na inculta sociedade portuguesa.

·        Estrangeirado, Bartolomeu de Gusmão tornou- se um alvo apetecido do chacota da corte e da Inquisição, apesar da protecção real.

·        Homem curioso e grande orador sacro (a sua fama aproxima-o do padre António Vieira).

·        Bartolomeu de Gusmão evidenciou, ao longo da obra, uma  profunda crise de fé, a que as leituras diversificadas e a postura "antidogmática" não serão alheios, numa busca incessante do saber.

·        A sua personagem risível - era conhecido por "Voador" - torna-o elemento catalisador do voo do passarola, conjuntamente com Baltasar e Blimunda.

·        A tríade corporiza o sonho e o empenho tornados realidade,a par da desgraça, também ela, partilhada (loucura e morte, em
Toledo, de Bartolomeu de Gusmão, morte de Baltasar Sete-Sóis no auto-de-fé e solidão de Blimunda).



DOMENICO SCARLATTI
·        Scarlatti representa a arte que,
·        Aliada ao sonho,
·        Permite a cura de Blimunda e possibilita a conclusão e o voo da passarola.
 
O POVO
·        O verdadeiro protagonista de Memorial do Convento é o povo  trabalhador. Espoliado, rude, violento, o povo atravessa toda a narrativa, numa construção de figuras que, embora corporizadas por Baltasar e Blimunda, tipificam a massa colectiva e anónima que construiu, de facto, o convento.

·        A crítica e o olhar mordaz do narrador enfatizam a escravidão a que foram sujeitos quarenta mil portugueses, para alimentar o sonho de um rei megalómano ao qual se atribui a edificação do Convento de Mafra.

·        A necessidade de individualizar personagens que representam a força motriz que erigiu o palácio-convento, sob um regime opressivo, é a verdadeira elegia de Saramago para todos  aqueles que, embora ficcionais, traduzem a essência de ser português:

·        GRANDES FEITOS, COM GRANDE ESFORÇO E CAPACIDADE DE SOFRIMENTO



 

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